DEPRESSÃO DA ADOLESCÊNCIA
Karina Santana
RESUMO
Durante muitos anos acreditava-se que o adolescente não sofria de Depressão. Devido ao fato de não acreditar que o adolescente não ter problemas vivenciais. Acreditava-se que a Depressão só aparecia diante de um problema, ou seja, quem não tinha problemas vivenciais não tinham Depressão. Atualmente já sabemos que os adolescentes são tão suscetíveis à Depressão quanto os adultos e ela é um distúrbio que deve ser encarado seriamente em todas as faixas etárias.
PALAVRAS-CHAVE
Depressão, Adolescência, problemas vivenciais.
INTRODUÇÃO
O indivíduo passa por varias fases em torno de sua vida. Há vários autores que relatam essas formas. De acordo com Calligaris é uma das fases mais marcantes do indivíduo. A adolescência é fase de transição entre a infância e a fase adulta. Calligaris mostra em sua obra A adolescência que o adolescente passa por uma moratória , ou seja , seu corpo pode estar pronto para ser adulto, mas só pode ser considerado adulto se é responsável na medida em que viver e afirmar como independente,autônomo.
É sem dúvida uma fase muito confusa para o adolescente, pois o mesmo sofre uma crise de identidade.
O adolescente sente a necessidade de ser aceito. E esse ser aceito envolve varias coisas;como ser popular , bonito, bem sucedido.Enfim ser invejável e desejável. Por isso os índice de depressão na fase da adolescência é tão freqüente. Pois é uma época de mudanças onde deve se deixar a infância ,seus mimos e brinquedos para a fase adulta cheia de responsabilidades,dúvidas e etc.
A DEPRESSÃO NA ADOLESCÊNCIA
Atualmente sabemos que os adolescentes são tão suscetíveis à Depressão quanto os adultos e ela é um distúrbio que deve ser encarado seriamente em todas as faixas etárias. A Depressão pode interferir de maneira significativa na vida diária, nas relações sociais e no bem-estar geral do adolescente, podendo até levar ao suicídio. Quase todas as pessoas, sejam jovens ou idosas, experimentam sentimentos temporários de tristeza em algum momento de suas vidas.
Estes sentimentos fazem parte da vida e tendem a desaparecer sem tratamento. Isso não é Depressão.Quando falamos de “Depressão”, estamos falando de uma doença com sintomas específicos, com duração e gravidade suficiente para comprometer seriamente a capacidade de uma pessoa levar uma vida normal.
Esse assunto é também tratado aqui, na secção de Adolescência, porque muitas pessoas apresentam uma primeira crise de Depressão durante a adolescência, apesar de nem sempre essa crise ser reconhecida. Segundo os especialistas, a Depressão comumente aparece pela primeira vez em pessoas com idade entre 15 e 19 anos (Referência).
Há muitas tentativas de se definir adolescência, embora nem todas as sociedades possuam este conceito. Cada cultura possui um conceito de adolescência, baseando-se sempre nas diferentes idades para definir este período. No Brasil o Estatuto da Criança e do Adolescente define esta fase como característica dos 13 aos 18 anos de idade.
A puberdade tem uns aspectos biológicos e universais, caracterizados que é pelas modificações visíveis, como por exemplo, o crescimento de pêlos pubianos, auxiliares ou torácicos, o aumento da massa corporal, desenvolvimento das mamas, evolução do pênis, menstruação, etc. Estas mudanças físicas costumam caracterizar a puberdade, que neste caso seria um ato biológico ou da natureza.
De fato, observou-se nas duas últimas décadas um aumento muito grande do número de casos de Depressão com início na adolescência e na infância. Algumas pesquisas também mostram que cerca de 20% dos estudantes do 2º grau sentem-se profundamente infelizes ou têm algum tipo de problema emocional. Talvez seja porque o mundo moderno esteja se tornando cada vez mais complexo, competitivo, exigente, e muitos adolescentes têm dificuldades para lidar com as necessidades de adaptação que se deparam diariamente.
De modo geral os adolescentes se deparam com várias situações novas e pressões sociais, favorecendo condições próprias para que apresentem flutuações do humor e mudanças expressivas no comportamento. Alguns, entretanto, mais sensíveis e sentimentais, podem desenvolver quadros francamente depressivos com notáveis sintomas de descontentamento, confusão, solidão, incompreensão e atitudes de rebeldia. Esse quadro pode indicar Depressão, ainda que os sentimentos de tristeza não sejam os mais evidentes.
Os traços afetivos da personalidade talvez sejam as condições capazes de explicar a razão pela qual alguns adolescentes se tornam deprimidos enquanto outros não. Como ocorre com qualquer outra doença, alguma pessoa são mais suscetíveis que outras, além disso. Embora as tensões da vida cotidiana do adolescente sejam importantes fatores para o aparecimento da Depressão muita jovens passam por acontecimentos desagradáveis sem desenvolver Depressão. A tristeza, comum nos momentos de reflexão da adolescência, é uma experiência normal que geralmente não progride para Depressão se a pessoa não tiver outros requisitos emocionais propícios ao desenvolvimento do transtorno afetivo.
A VIVÊNCIA NA ADOLESCÊNCIA
Hoje em dia é comum pais se orgulharem ao ver seu filhinho/a lidando perfeitamente bem com o computador, com o vídeo cassete, com aparelho de DVD e outras parafernálias da tecnologia, muitas vezes quando eles próprios não sabem fazê-lo ou fazê-lo tão bem.
Essa admiração pela versatilidade tecnológica das crianças é, às vezes, acompanhada de hipóteses familiares (notadamente de avós orgulhosos) sobre “as crianças de hoje serem mais inteligentes e espertas que antes”. Na realidade, o que tem acontecido é que as crianças de hoje deixam de ser subordinadas na medida em que detém mais saber ou experiência, deixam de submeter-se à supervisão dos mais velhos, como foi durante muitas eras.
O conflito surge quando a criança se percebe frente a posições contraditórias. Ela é, ao mesmo tempo, aquela que não sabe por não ser adulta ainda, portanto, tendo que obedecer ao protocolo cultural de freqüentar a escola, cursos cada vez mais sofisticados e esportes que deixaram há muito o aspecto apenas lúdico e, por outro lado, ela já não pode portar-se puerilmente. Não pode ser criança por saber mais que os próprios pais a lidar, portanto por ter responsabilidades, com os apetrechos da vida moderna tecnológica.
Assim sendo, os adolescentes se encontram imersos num mundo de ambigüidades e contradições. Entre as pulsões para “abraçar o mundo”, passando por cima de tudo e de todos, e momentos de depressão e frustração, o adolescente se ressente da falta de liberdade e autonomia dos adultos e, ao mesmo tempo, não pode usufruir da irresponsabilidade da infância..
Durante a puberdade, geralmente, a fase inicial das mudanças no aspecto físico é contrária aos modelos de estética ideais. A garota gostaria de já se ver com seios fartos, ancas roliças, etc., e o menino desejaria ter a musculatura desejável, barba, etc. Essa distonia entre o corpo e a aspiração pode desencadear sérias dificuldades de adaptação, uma baixa auto-estima, uma falta de aceitação pessoal, resultando em problemas depressivos, anoréticos, obsessivo-compulsivos.
As novas relações sociais do adolescente, notadamente com os pais e com o grupo de iguais também podem ser e forte fonte de ansiedade, confusão e sentir que ninguém o entende. Paralelamente, sobrevém a angústia de estar só e de ser incapaz de decidir corretamente seu futuro.
Os conflitos tendem a agravar-se muitíssimo mais se este jovem estiver inserido numa família que também está em crise, seja por separação dos pais, por violência doméstica, alcoolismo de um dos pais, sérias dificuldades econômicas, doença física ou morte.
Os conflitos tendem a agravar-se muitíssimo mais se este jovem estiver inserido numa família que também está em crise, seja por separação dos pais, por violência doméstica, alcoolismo de um dos pais, sérias dificuldades econômicas, doença física ou morte.
COMUNICAÇÃO
O adolescente é gregário,ou seja , sente a necessidade de andar em grupos que ajudam a definir a sua identidade.
O adolescente possui tendência natural para comunicar-se através da ação, em detrimento da palavra. Por isso, na busca de uma solução para seus conflitos, os jovens podem recorrer às drogas, ao álcool ou à sexualidade precoce ou promíscua. Tudo isso na tentativa de aliviar a angústia ou reencontrar a harmonia perdida. Angustiados e confusos, podem adotar comportamentos agressivos e destrutivos contra a sociedade. Por isso tem sido comum observarmos o adolescente manifestar sua depressão através de uma série de atos anti-sociais, distúrbios de conduta, e comportamentos hostis e agressivos.
Entre adolescentes a depressão também pode ser “mascarada” por problemas físicos e queixas somáticas que parecem não ter relação com as emoções. Estes problemas podem incluir alterações de apetite ou distúrbios de alimentação, tais como anorexia nervosa ou bulimia. Alguns adolescentes deprimidos podem se sentir extremamente cansados e sonolentos o tempo todo, e exaustos mesmo depois de terem dormido por várias horas.
Embora a Depressão Atípica seja a norma entre crianças e adolescentes, a depressão franca ou típica também pode ser comum. O jovem deprimido confia pouco em si mesmo, tem auto-estima baixa, experimenta alterações no apetite e no sono, se auto-acusa e tem lentidão dos pensamentos. A baixa auto-estima faz com que veja a si mesmo como sem valor, feio, desinteressante e cheio de falhas pessoais (veja Sofrimento Moral). Estes sentimentos angustiantes e depressivos levam, invariavelmente, a prejuízo na saúde, na escola, no relacionamento familiar e social.
Durante um Episódio Depressivo o jovem costuma sentir-se inquieto ou irritado, isolar-se de amigos ou familiares, ter dificuldade de se concentrar nas tarefas, perder o interesse ou o prazer em atividades que antes gostava de realizar, sentir-se desesperançado e ter sentimentos de culpa e perda do prazer em viver. Pode também ter alterações do sono, por exemplo, ir dormir mais tarde do que costumava fazer, acordar cedo demais, ter sonolência durante o dia; e do apetite, que o leva a ganhar ou perder peso.
Muitas vezes, o adolescente deprimido pode tentar suicídio. Faz isso de forma franca ou velada. De forma velada age de maneira inconsciente, envolvendo-se em atitudes completamente imprudentes, acidentes automobilísticos, uso progressivo de drogas e álcool, ingestão de comprimidos perigosos, uso de armas de fogo, etc.
O RISCO
Atualmente, a segunda principal causa de morte entre jovens de 15 a 19 anos de idade é o suicídio. A primeira causa são os acidentes, principalmente com automóveis. O índice de suicídio entre pessoas jovens triplicou nos últimos 30 anos (Referência).
Quando uma pessoa fala a respeito de cometer suicídio, ao contrário do que pensam muita, a coisa mais importante a fazer é levá-la a sério. As pessoas que falam em suicídio podem estar, de fato, pensando em praticá-lo e, sendo jovens ou não, a maioria dos que tentam o suicídio sempre dão uma espécie de “aviso” sobre suas intenções.
Os principais sinais de advertência para o risco de transtorno do humor que, eventualmente, pode resultar em suicídio são:
1.Mudanças acentuadas na personalidade
2. Mudanças acentuadas na aparência,
3. Alterações nos padrões de sono
4. Alterações nos hábitos alimentares
5. Prejuízo no rendimento escolar.
6. Falar sobre morte ou suicídio
7. Provocar ferimentos em si próprio
8. Pânico ou ansiedade crônicos
9. Distribuir objetos pessoais .
Entre adolescentes com alto risco de suicídio, muitos tomam a trágica decisão após uma situação de grande tensão, como por exemplo, o rompimento de um relacionamento, um fracasso escolar ou profissional ou uma briga importante com os pais. A incidência de êxito entre adolescentes que realmente tentam por fim à própria vida é maior entre o sexo masculino do que entre o sexo feminino.
A grosso modo podemos dividir os adolescentes vulneráveis ao suicídio em três grupos:
- Adolescentes com sintomas clássicos de depressão, tais como tristeza e desesperança.
2. Perfeccionistas que estabelecem para si mesmos padrões muito altos de desempenho.
3. Garotos que expressam sua depressão com comportamentos agressivos ou atitudes de se expor a situações de risco, uso de drogas e confrontos com autoridades.
A depressão neste grupo pode ser particularmente difícil de detectar, uma vez que estes jovens tendem a negar quaisquer sentimentos de depressão. Esta é uma situação particularmente perigosa porque este é o tipo de adolescente que mais provavelmente será bem sucedido em sua tentativa de cometer suicídio.
Entre adolescentes com alto risco de suicídio, muitos tomam a trágica decisão após uma situação de grande tensão, como por exemplo o rompimento de um relacionamento, um fracasso escolar ou profissional ou uma briga importante com os pais. A incidência de êxito entre adolescentes que realmente tentam por fim à própria vida é maior entre o sexo masculino do que entre o sexo feminino.
AJUDA
Muitos jovens deprimidos podem se beneficiar de um programa de tratamento adequado. O primeiro passo, evidentemente, é procurar a experiência de um profissional capacitado para diagnóstico, aconselhamento, tratamento e ajuda. Juntamente com o adolescente, os familiares e o médico podem chegar a uma decisão sobre o tipo mais adequado tratamento para o paciente. Para alguns adolescentes, o aconselhamento pode ser a única terapia necessária. Muitas vezes o tratamento medicamentoso é indispensável mas, mesmo com ele, o aconselhamento que envolve o adolescente e sua família é bastante benéfico.
CONCLUSÃO
Hoje em dia de acordo com nossa cultura os adolescentes passam por muitos conflitos, dúvidas, desejos que são ligados ao seu meio de vida.
De uma certa forma o adolescente fica depressivo pois a forma indefinida em que são tratados “as vezes como criança e as vezes como adulto” . O adolescente não tem a opção de ser criança e nem de ser adulto, pois para ser criança o seu corpo já não é coerente com seu desejo e para ser adulto existem umas séries de moratórias que são seguidas.
Enfim deve ser respeitado o fato da depressão existir entre os adolescentes sem ter a idéia de ser “frescura”, pois a Depressão causa danos significativos no indivíduo nos aspectos sociais e físicos.
A adolescência vivida de forma saudável forma adultos mais íntegros, estruturados e responsáveis.
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CALLIGARIS, Cotardo-A ADOLESCENCIA.Folha Explica-São Paulo 2000.
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