A SEXUALIDADE NA TERCEIRA IDADE
Karina Santana, Janete Caetano, Dinalva Jane e Deuseni Martins
INTRODUÇÃO
Somos herdeiros de varias culturas, portanto passamos por diversas formas de vivenciar a sexualidade humana. Sendo o que prevalece nos dias de hoje é a vivencia da sexualidade da cultura judaico cristã.
A sexualidade sempre foi um tema muito presente na história da humanidade, sem que essa importância pudesse ser verbalizada ou vivenciada em público. A sexualidade era mantida lá no intimo de cada ser; não tendo um papel importante dentro da sociedade é o que dizia o puritanismo, no qual sempre foi tratado o tema, em quase todo o período da história humana. Nos últimos tempos ouve uma revolução no que diz respeito a sexualidade humana que começou quando Darwin, propôs que a seleção natural seria responsável pela evolução; Freud nos trouxe também sua teoria de que o ser humano é dotado de sexualidade desde o seu nascimento o que causou um certo furor na sociedade dessexualizada da época; chegando as ultimas pesquisa onde cientistas acreditam existir uma região do cérebro regulador do desejo sexual. Passando pela revolução sexual dos anos 60 e 70.
Nos colocamos a perguntar como o idoso esta vivenciando a sua sexualidade nos dias de hoje? Fato que a sociedade da tão pouco valor; e nos deixa espantados ao saber quando lemos ou ouvimos que o Brasil está entre os países com o maior número de idosos, mesmo com esses dados existe uma resistência com relação a vivencia da sexualidade do idoso. Infelizmente a própria cultura tende a isolar o idoso, não sendo rara a idéia de considerá-lo inútil, um peso morto. A exagerada valorização da juventude, tão própria da sociedade moderna , contribui muito para piorar o conceito da terceira idade em nosso meio. Estamos vivenciando uma cultura hedonista, que valoriza exacerbadamente o culto ao corpo. Fato reforçado pelos meios de comunicação que coloca a vitalidade do jovem como algo essencial para ser feliz, colocando a velhice como sinônimo de regressão.
Diante de tais fatores justifica-se o presente estudo que nosso grupo se propôs a fazer, a saber, que nos tempos atuais as inovações tecnológicas e biológicas possibilitam o aumento da longetividade do ser humano. Faz se justificado o presente estudo, a saber, que nos tempos atuais as inovações nas áreas tecnológicas, biológicas possibilitam aumento da longetividade do ser humano.
O idoso e idosa que antes era visto diante da sociedade como um inválido e dependente dos mais novos, começa a criar um espaço dentro dessa sociedade fazendo-se enxergar como capaz de produzir e atuar como sujeito fazedor de sua história. O ser humano por volta dos cinqüenta e cinco anos ou sessenta anos até o final da sua vida, não tinha uma atuação ativa e eficaz dentro do seu contexto social.
Com as mudanças socioculturais possibilitou uma grande mudança no que diz respeito à vivência da sexualidade. O sujeito idoso que antes esperava em casa embrulhado num cobertor esperando pela hora da morte; hoje nos faz refletir pelo seu modo de atuar nos dias de hoje. O fato desse indivíduo idoso viver mais nos impele a criar demandas para tornar sua vida digna de ser vivida Tornar-se emergente a abertura de espaço dentro da nossa sociedade onde esse idoso possa viver todos os aspectos humanos em plenitude. A atuação desse sujeito idoso hoje nos impulsiona, a saber, como se dá a interação desse sujeito com os aspectos sociais, culturais, psicológico e a vivência da sua sexualidade. O fato que esse idoso(a) está vivendo mais é obvio, mas o que nos interessa saber dentro desse estudo é a qualidade dessa vivência ;e se essa vivência abrange os aspectos fundamentais , está a sexualidade desse idoso. Qual a importância que a sexualidade tem para o idosos(as) hoje? Como esses idosos (as) lidam com a sexualidade? E como essa sexualidade é influenciada pelos contextos sociais, psicológicos e culturais.Teremos como benefício um maior conhecimento acerca da sexualidade do idosos(as) .O que para nós, psicólogos em formação, servirá de apoio em futuras intervenções psicossociais. No sentido de buscar qualidade de vida e maior compreensão da importância da sexualidade na vivência desses idosos (as) que vivem em situações asilares e outros campos.
Começamos então a fazer uma pesquisa com o objetivo de investigar as influencias sociocultural da terceira idade; com objetivo especifico de compreender a a participação da dimensão sociocultural na construção da identidade do idoso,compreender a vivencia da sexualidade no envelhecimento. E através de nossos estudos bibliográficos, construirmos um marco teórico passando por Ana Neri que nos diz:
Mas de qualquer forma a muitos idosos incorporam preconceitos e estereótipos relativos à velhice, até mesmo para se sentirem mais confortáveis, pois assim correspondem ao modelo estabelecido socialmente. É mais seguro aceitar o papel de dependente e passa para os filhos a responsabilidade de gerir as próprias finanças do que assumir o desafio de fazê-lo e correr o risco de perder o afeto deles. Portanto, a crença de que os idosos não são capazes de manter a autonomia leva-os aceitar o papel de dependentes. (Neri p98)
Colocando o idoso no papel de dependentes e diz que muitos incorporam esse papel ditado pela sociedade. Mas Cerruti Bastos em seu livro sexualidade humana, “A sexualidade deve ser considerada como forma integral do ser humano; o desfrutar do amor, do prazer do gozo resultam em elementos muitos enriquecedores no meio pessoal familiar e social (Cerruti Bastos 24). “ vai nos mostrar uma nova realidade onde o idoso pode e deve vivenciar o gozo e a felicidade que a sua sexualidade lhe traz. Lopes e Maia em seu livro Sexualidade e envelhecimento mostra de maneira marcante que a “idade não dessexualiza o individuo, mas a sociedade sim”.
De posse dessas informações ampliamos a nossa pesquisa com o intuito de descortinar esse universo rico que os autores acima nos apontava. Marques em “ o prazer e o pensar: educação sexual para educadores “,enriqueceu nossa pesquisa ao nos fazer conhecer que somos herdeiros de uma cultura helenista, judaica e cristã. Carlos Alberto Novais veio nos mostrar de maneira muito bem humorada como se deu a criação do sexo.
O tema ficou mais interessante, ao levarmos nossa pesquisa a campo. Embora no primeiro momento não foi a idéia principal fazer visitas a forros, para a coleta de dados. No decorrer da pesquisa direcionamos nosso projeto para observarmos como os idosos(as) vivenciam a sexualidade nos dias atuais. Para obtenção dos dados, fomos a um forró , onde foram entrevistados individualmente 3 idosos, com idade que variam entre M.A 60 e J V 79 anos. Entrevistamos também 3 senhoras no âmbito doméstico, que tem M.J 60 de anos e T.S. de 64 anos, outra entrevista foi realizada por telefone com M.O. de 64 anos, e visitamos outro forró, onde ficamos só observando como os idosos(as) se comportam. Diante de todos os dados coletados, algumas idéias do nosso projeto se confirmam e outras não, comparando com a construção teórica. Como por exemplo, a importância da virgindade até o casamento, onde quase todas as idosas entrevistadas se casaram de branco e as mesmas permaneciam virgens até o casamento, como diz a fala de uma delas.”Me casei de branco porque toda moça virgem casa de branco. Quando a moça não era virgem era proibido ter contato com outras virgens” e vários outros aspectos foram avaliados, tais como a terceira idade está vivenciando a sua sexualidade e também a homossexualidade entre outros.
Análise de coleta de dados
Através da coleta de dados obtivemos resultados que nos possibilitou a fazer uma análise qualitativa dos dados coletados.
Embora no primeiro momento não foi a idéia principal fazer visitas a forros, para a coleta de dados. No decorrer da pesquisa direcionamos nosso projeto para observarmos como os idosos (as) vivenciam a sexualidade nos dias atuais. Para obtenção dos dados, fomos ao forró “novos horizonte”, onde foram entrevistados individualmente 3 idosos, com idade que variam entre 60 e 79 anos. Entrevistamos também 3 senhoras no âmbito doméstico, que tem entre 60 e 64 anos, outra entrevista foi realizada por telefone com uma senhora com idade de 64 anos, e visitamos outro forró chamado “velhice feliz”, onde ficamos só observando como os idosos(as) se comportam. Diante de todos os dados coletados, algumas idéias do nosso projeto se confirmam e outras não, comparando com a construção teórica. Como por exemplo, a importância da virgindade até o casamento, onde quase todas as idosas entrevistadas se casaram de branco e as mesmas permaneciam virgens até o casamento, como diz a fala de uma delas.”Me casei de branco porque toda moça virgem casa de branco. Quando a moça não era virgem era proibido ter contato com outras virgens”.
Sexualidade, o que podemos observar que os idosos diante do que a cultura os impõem, os idosos (as) saem desse papel e se tornam autores da sua própria sexualidade. Isso foi possível identificar tanto no forró, quanto nas visitas realizadas nas casas dos mesmos, a característica principal dessa mudança foram às falas abertas que derrubaram o tabu, que tínhamos a respeito da vivência da sexualidade na terceira idade.
Homossexualidade
Apesar da homossexualidade estar sendo objeto de estudos científicos, tanto na área medica quanto na Psicologia, ainda se constatam inúmeras perguntas sem respostas e certos preconceitos. Isso pode perceber em relatos de alguns idosos nas idéias contraditórias:
“Homossexualismo? Eu acho feio, mas não sou contra”.
Podemos perceber que em relação com o homossexualismo, houve uma incorporação de valores culturais, que apesar dos idosos e idosas falar sobre o tema, esses valores se estendem até os dias de hoje. São valores que fazem parte da vivencia da sexualidade desses idosos e idosos.
Virgindade
A virgindade antes em nossa sociedade era cultuada.
As mulheres que não se mantenham virgens antes do casamento eram consideradas promiscuas e vagabundas muitas vezes eram excluídas da sociedade, proibidas de ter contato com as virgens e só tinham esperança de casamento quando algum viúvo casasse com ela.
Comportamento sexual
No comportamento sexual podemos perceber na entrevista no forró de idosos, que os mesmos vivenciam a sexualidade de forma satisfatória. Os idosos deste forró namoram, conquistam, dançam, mantém sua vaidade, masturbam-se. Tudo com a intenção de vivenciar a sexualidade da melhor forma possível.
Podemos destacar na entrevista com uma idosa quando foi lhe perguntado sobre masturbação:
“A gente tem que dá um jeito quando a gente vive sozinha!” (Sorrindo MF 74 anos).
Sexualidade
A sexualidade nos idosos e idosos durante a entrevista nos mostra que no que os idosos (as) estão mudando a sua opinião sobre sexualidade, que foi muito reprimida durante séculos e que hoje eles tentam sair desse papel que a sociedade dita para os idosos (as) e viver uma vida sexual normal, sem preconceitos, durante o nosso projeto descobrimos que não é tão assustador como pensávamos chegar na 3º idade, por que acreditávamos que na terceira idade as pessoas não tinham desejo sexual, mas durante todo o projeto, e na pesquisa de campo, podemos perceber que os idosos e idosas tem a vida sexual ativa e que a cada dia que passa os idosos estão mostrando que a velhice não é o fim de tudo, e sim viver bem de varias formas, não importando a idade.
O que pretendíamos:
Pretendíamos com esse projeto conhecer como os idosos vivenciam a sexualidade. Verificar as formas de vivencias, limitações, desejos e projetos futuros que muitas vezes eram desconhecidos e ignorados pela sociedade.
A idéia que tínhamos era de limitações, carências, desajustes emocionais e racionais, um ser sem condições de opiniões, de vontade. E que o sexo provavelmente não era vivenciado e que muitas vezes o idoso era alienado do seu próprio corpo (que era um ser dominado).
O que encontramos:
Através de pesquisas teóricas e entrevistas de campo sobre sexualidade muitas vezes encontramos uma nova forma de pensar.
Podemos localizar um novo espaço criado por esses idosos para vivenciar a sua sexualidade e sua qualidade de vida.
Podemos perceber também que os tabus e preconceitos sobre sexualidade vieram por parte de nos integrantes do grupo. Tivemos uma abertura muito grande e uma nova visão sobre a vivencia da mesma.
Onde nos leva:
Este estudo nos leva a ter uma nova visão da sexualidade dos idosos, quebrando tabus e nos mostrando como podemos ter uma velhice muito mais saudável e feliz com nos mesmos, e contribui para o crescimento de nos como futuros Psicólogos.
Bibliografia
- BALONE, Geraldo José. Envelhecimento e velhice: Uma nova realidade.São Paulo, Prefeitura Municipal de Paulina,1981.
- BARDIN, Laurense. Analise de Conteúdo. Lisboa. Ed 70, 1995.
- BASSO, Stella Cerruti.Sexualidade Humana,. Brasília,1990.
- GIL, Antonio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. São Paulo, Atlas,1999.
- LOPES, Gerson. MAIA Mônica. Sexualidade e envelhecimento. São Paulo Saraiva, 1994.2º Edição.
- NERI, Anita Liberalesco. E por falar em boa velhice. São Paulo, Papirus 2000.
- RIBEIRO, Marques. O prazer e o pensar: Orientação sexual para educadores e professores. São Paulo, Gente, 1999.
- REICH, Wilhelm. A revolução sexual, Editora Circulo do Livro, São Paulo 1966.
KUSNETZOFF,Juan Carlos. A mulher sexualmente Feliz (Do mito a verdade cientifica) Editora Nova Fronteira, Rio de Janeiro 1988.
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