Uma análise  Ergonômica do Trabalho

Todas as disciplinas na área de Saúde Mental e Trabalho, tem um interesse no ambiente de trabalho (qualificações, relações de poder, subjetividade, formas, consciência e valores do trabalhador, novas formas de organização do trabalho, impactos da inovação de novas tecnologias e etc.) tem se deparado com os problemas colocados pelo o processo de individualização dos processos sociais mais gerais.  Por “individualização” designamos que estes processos se manifestam no ambito da vida individual. Por exemplo, um grupo de trabalhadores, trabalhando nas mesmas condições de trabalho, observa-se formas de adoecimentos diferentes. Isso deixa destacado a direção ambivalente destes processos, que partem tando de processos sociais que determinam a vida dos indivíduos.

Para Laurell e Noriega (1989) o problema que pode esclarecer é como o processo biológico ocorre socialmente, sendo que para Laurell neste processo o preponderante é o modo biológico de viver em sociedade “(p 154) . Aqui uma das questões mais dificieis diz respeito à não especificidade do social, que tem levado alguns autores a apresentar estresse, a categoria igualmente geral é bastante inespecífica “ como mediação única entre o social e o biológico. Isso coloca novamente de ponto negro:

” A evidencia empírica, tal como expusemos, permiti-nos demonstrar que        existe uma ção entre o processo social e o processo saúde e doença. Sem   dúvida, esta observação, por si mesma, não resolve qual é o caráter desta   relação. Isto porque temos, por outro lado, o processo biológico, sem que   seja imediatamente visível  como um se transforma no outro. Na verdade   enfrentamos uma “caixa negra” na qual o social entra de um lado e o   biológico sai no outro, sem que se saiba que ocorre dentro dela. Esse é,   talvez o problema não está resolvido. A reflexão sobre o caráter do  processo saúde-doença, abre porem, abre alguns caminhos para serem   explorados” . ( LAURELL & NORIEGA, 1989, p. 156)

No campo da ciências sociais, os últimos anos viram aparecer algumas abordagens que tomam como objeto a “ realidade cotidiana do trabalho “ procurando entender as questões usualmente tratadas pele sociologia e economia e um nível mais próximo da experiência vivida pelos trabalhadores em situação de trabalho e durante a realização de suas atividades. Estas abordagens se desenvolveram, por um lado, a partir do interesse “natural “das disciplinas do homem no trabalho em conhecer o trabalho em todos os aspectos, tais como a economia, a sociologia, a psicologia do trabalho e a ergonomia,a sociologia, a psicologia do trabalho e a ergonomia: de outro devido ao interesses crescente pela experiência cotidiana manifestado pelas disciplinas tradicionais, as quais se voltam, sob influencia da fenomenologia, da filosofia analítica, da etnologia, do interacionismo simbólico, ao desenvolvimento de uma ciência da experiência vivida e da teoria da ação situada.

Existem diferentes formas de se compreender o que é cotidiano. Em geral, a esfera da vida cotidiana é assimilada à rotina ,à repetitividade ou ao automatismo dos comportamentos de natureza reflexa. É por excelência a esfera do preconceito e das hiper-generalização( Heller, 1985). Os principios elementares de organização da vida cotidiana são resumidos por Netto (1994), e segue Lukás ( e também a Heller ). Segundo   Lukás, as determinações fundamentais da cotidianidade seriam:

A heterogeneidade: A vida cotidiana configura o mundo da heterogeneidade. Interseção das atividades que compõem o conjunto das objetivações do ser social, o caráter heteróclito da vida cotidiana constitui um universo em que simultaneamente, se movimentam fenômenos e processos de natureza compósito (linguagem, trabalho, interação,jogo, vida política e vida  privada, etc).

A imediaticidade: como os homens estão agindo na vida cotidiana, e esta ação significa responder ativamente, o padrão de comportamento próprio da cotidianidade é a relação direta entre pensamento e ação;a conduta específica da cotidianidade é a conduta imediata ,sem a qual  os automáticos e os espontaneísmo necessário à reprodução do indivíduo enquanto tal seriam inviáveis;

A superficialidade extensiva: a vida cotidiana mobiliza em cada homem todas as atenções e todas as forças mas não toda a atenção e toda a força ; a sua heterogeneidade e imediaticidade implicam que o individuo responda levando em conta o somatório dos que comparecem em cada situação precisa, sem considerar as relações que vinculam. ( Netto, 1994, 67)

A intervenção ergonômica, em sua forma mais geral , consiste numa permanente da relação entre o observador e o observado, em que confiança necessária para se obter a cooperação é renegociada em diferentes momentos sob condições diferentes fornecidas pelo próprio processo de pesquisa e pelas interações iniciais.

Referências Bibliográficas

LIMA.F. Fundamentos Teóricos da Metodologia Prática de Análise Ergonômica do Trabalho (AET) 1998